segunda-feira, maio 04, 2009

entre homens e mitos

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Eu disse:

“como eles podem não sentir que eu não sinto nada ?!”

E disse depois,

entre o pedido, a promessa e a praga:

“Preciso de um homem que me emocione”.

E depois de uns 10 anos depois da noite mais intensa,

eis que ressurge

o mais intenso dos abraços...

Ele disse que eu não lembrava.

Eu disse

“é claro que eu lembro”

...e de novo:

um abraço capaz de reentorpecer meu corpo...

Fauno me tomando em seu labirinto

e eu dizendo todos os sins que seu corpo convocava ao meu.

Mas depois,

quando eu saía para o mar

ele disse

“ficarei em terra firme”

e me largou sozinha

no mar das intensidades amedrontadoras e incompreensíveis...

Eu disse que eu lhe tinha medo Ulisses...

Sereias têm medo porque jamais serão Penélopes.

Eu não sei bordar colchas de espera,Ulisses,

eu só sei cantar...

eu só sei de agora

Para Felice Bauer*


A cópia dele, 

copia ela

Pra sustentar sua costela.

Leitora era ela.

Empregada 

ela prega

o prego no prelo da vida

de quem não fala.

À vida de falo

Para outro falo

Não fala.

Ele escreve a verdade

A cópia da mentira 

faz ela

E não fala

Cala

a costela 

na cara dela.


*Leitora e copista ideal de Kafka