quarta-feira, outubro 13, 2010

um e outro


Enquanto tentamos escapar de um lar cheio de miséria casamenteira, acabamos apanhados pela regra... De javu... "Como fazer do sofrimento a potência da revolta e não o xilique da mulherzinha?"*. Encontro desidealizações. É bom. É hora de saber de quanta força se precisa para ficarmos um com o outro sem nos afundarmos um ao outro em nossas imensas solidões e, ao mesmo tempo, mantê-las como a uma reserva de oxigênio. Pois o discurso de liberdade de um pode se construir sobre a prisão do outro, submisso à regra muda de não poder reclamar. E o que parece uma entrega descompromissada, pode estar guardando a fatura para amanhã. E os que se guardam hoje, deixam a vida pra quando o carnaval chegar. E quando o carnaval chega, guardaram muito, mas já não dispõem de mecanismos de entrega... Equações difíceis para os ateus, que sabem que amanhã é mera especulação e não temos nada além do que nos acontece: malditas expectativas...


*Ver post Entre Cinderelas e Monstros de 13 de janeiro de 2009 e Amor com amor se paga? de 07 de agosto de 2007

quinta-feira, outubro 07, 2010

o quereres


O mergulho é o mais fundo porque é o mais superficial:
a pele se esgarça e se oferta ao mar em volta
e toda a distância se torna o que há de mais próximo.
Entre a minha pele e a tua existe a umidade do mundo:
o mais aterrorizante dos mares a nadar é o mar já nadado.
Toda a intensidade desconhecida é assim assustadora porque se torna,
estranhamente,
a mais familiar das querências.