sábado, setembro 11, 2010

A História das Mãos

O tempo age, e só assim podemos sentir sua passagem... tempo perdido, é tempo que passa sem fazer. Sentimos o tempo agir, com todo o passado feito agindo sobre o presente*. E, de repente, o que funcionava não funciona mais, ou funciona de outra maneira. Eu acredito mais no que meu olho vê no olhar do outro, desconfio mais porque confio mais nos sinais que o tempo fez em mim. Se preciso de palavras para além dos gestos é porque aprendi que são as palavras que fazem os gestos durarem... gesto sem palavra é memória fugidia, vai embora fácil como chega. As palavras não, constroem a história das mãos que tocam, cravam a memória do corpo na memória da narrativa, cicatrizes invisíveis. Mãos sem história não funcionam mais... Agora, "no seu beijo, falta corte"...
*Ver: conceito de cone do tempo. Em: Henri Bergson. Matéria e Memória.
Escultura de Auguste Rodin