sexta-feira, abril 30, 2010

Eu quero a minha senhaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!

Decorar senhas é fácil: do banco, do cartão de crédito, das contas de e-mail, do blog, da biblioteca, de cada uma das companhias aéreas, do site da operadora de celular, do plano de saúde... em inglês: password... literalmente, palavra de passagem, se você não souber: biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, passagem bloqueada!!! A vida também é cheia de palavras de passagem, mas se você errar uma dessas não aparecerá um link dizendo "esqueceu sua senha? ". Quando isso acontece na vida, você pergunta às estrelas:
- Que senha?
E as estrelas respondem:
- Sinto muito senhora, não posso permitir sua passagem sem esta senha.
E você tenta de novo:
- Onde posso conseguir esta senha?
- Isto não é neste setor, senhora. Tente a próxima, por favor.
- Que próxima?! Chance?! Senha?! Galáxia?!

domingo, abril 25, 2010

ALICE

Aviso: Não leia se ainda não viu o filme. Não me responsabilizo pelos efeitos do texto.

Que Tim Burton é americano, everybody Knows. Mas que Tim Burton poderia se transformar em um american idiot ninguém previa, até o lançamento de Alice in Wonderland.
Lewis Carroll era inglês e nunca escreveu um livro maniqueísta, quiçá um romance cuja protagonista enfrentaria 'o mal', paramentada de armadura e espada, no pior estilo mocinha-heroína-quase-feminista, que se defende dos acontecimentos com argumentos egóicos do tipo "é meu sonho" e controla e desvaloriza o mundo fantástico com palavras de ordem paternas do tipo "nada me fará mal".
Alice é a personagem que mergulha nos paradoxos de um mundo sem moral. As cenas da queda na sala pareciam anunciar que Tim Burton havia entendido isso: não há em cima e em baixo, Alice cresce porque fica pequena e fica pequena porque cresce. O tempo passa porque Alice não sabe quem é e ninguém sabe... perder a identidade é a ética proposta por Lewis Carroll: "Cortem as cabeças!!! Hoje é o dia do seu desaniversário!!!" Mas Tim Burton a conserva em sua moral de rainha boa e bela contra rainha má e feia, com direito a trilha-climão-tensão chatíssima e sem direito a Franz Ferdinand e outros rocks anunciados que poderiam salvar esse filme de ser um blockbuster quase sonífero.
Com um texto original que permitiria um roteiro fantástico, Tim Burton prefere a prisão de um roteiro sem nenhuma surpresa e o nome de tudo isso é 'livre adaptação'.
E não aliviará a barra do diretor dizer que Alice é um blockbuster clichê porque é um filme Disney, pois o desenho animado produzido pelos estúdios dá muito mais vazão à fantástica fábrica de paradoxos de Lewis Carroll que o filme de Tim Burton. Disfarçado de adulto, é mais infantil que qualquer criança...
Nem tivemos festa de desaniversário!!!
Salva-se a impecável direção de arte, a sempre brilhante atuação de Jhonny Depp e as saudades de Big Fish, quando Tim Burton sabia que a divisão entre realidade e sonho de nada servia. A Alice de Lewis Carroll sabia, sabe e saberá, como qualquer criança.

sexta-feira, abril 23, 2010

gradações de penetrabilidade


Eu estava lá compenetrada no palco que me cabe, aparecendo do jeito que sei aparecer, quando ele adentrou o recinto... andar elegante, camisa branca, óculos escuros e chapéu, um charme quase familiar embora eu não o conhecesse.
Foi cruzando o salão e, para minha surpresa, veio engrossar minha plateia. Olhar displicente, quase me ignorava em sua arrogância. Quase.
Mas eu decidi que ele me ignorava totalmente e então, inventei uma namorada pra ele. Sim, ele tinha namorada. Assim, aquele charme (quase) fake não me atingiria.
Eu resisti, eu continuo resistindo, compenetrada como pareço, impenetrável como sou.
E eis que em sonho, aquele charme encontrou a familiaridade que eu não reconhecia. Típica familiaridade assustadora das vidas que já foram...
E em música atingiu meu ouvido, meu gosto e minha voz.
Assustadora impenetrabilidade tentando se esburacar, pedindo para ser esburacada e penetrada.
Não, ele não tem namorada.
E eu adoro camisa branca!

quinta-feira, abril 15, 2010

devir-animal

eu não quero ser uma abelha,
quero ser uma colméia,
que se espalha pra caçar pólen
e se junta pra fazer mel...