segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Por uma cena

Eu havia me sentado naquele bar com a solidão dilacerante daqueles que viajam sós a procura de... E com a decepção de quem vai passar uma tarde em Itapuã e não encontra a praia do Vinícius. A cerveja era ruim, mas eu a havia escolhido como minha marca de cerveja favorita, pois suas cadeiras promocionais não enfeiavam a praia. Eram pretas, quase chiques. Ao lado, a mais famosa barraquinha de acarajé. Pedi um, entre a fila de turistas. Havia outras barracas ao lado, mas a única que tinha fila era essa, portanto deveria ser o melhor. De fato era bom, bom por causa da pimenta. Comida baiana sem pimenta é ruim. Se não gosta de pimenta, vá ao Mc Donald's, meu filho. Alheio à fila de turistas, avistei-o. A semelhança com um gaúcho que eu havia beijado e não havia gostado era assustadora. Não podia desviar o olhar daquele homem. Será que é ele? eu pensava. E depois pensava: que diferença faz? Se o encontrasse em Porto Alegre não falaria com ele . Mas sua atitude negava qualquer semelhança com aquele gaúcho do beijo ruim. Apesar de louro, só podia ser baiano: vestia apenas um calção preto, furou a fila e pegou dois peixes secos. Nenhum turista comeria aquilo. Sentou-se na beira da cadeira, com os cotovelos apoiados nos joelhos, devorou aqueles peixes sofregamente com portentosas mordidas e protagonizou uma das cenas mais sexy da história... Ha! Mulheres... jamais se excitarão com revistas de homem pelado...

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