sexta-feira, abril 23, 2010

gradações de penetrabilidade


Eu estava lá compenetrada no palco que me cabe, aparecendo do jeito que sei aparecer, quando ele adentrou o recinto... andar elegante, camisa branca, óculos escuros e chapéu, um charme quase familiar embora eu não o conhecesse.
Foi cruzando o salão e, para minha surpresa, veio engrossar minha plateia. Olhar displicente, quase me ignorava em sua arrogância. Quase.
Mas eu decidi que ele me ignorava totalmente e então, inventei uma namorada pra ele. Sim, ele tinha namorada. Assim, aquele charme (quase) fake não me atingiria.
Eu resisti, eu continuo resistindo, compenetrada como pareço, impenetrável como sou.
E eis que em sonho, aquele charme encontrou a familiaridade que eu não reconhecia. Típica familiaridade assustadora das vidas que já foram...
E em música atingiu meu ouvido, meu gosto e minha voz.
Assustadora impenetrabilidade tentando se esburacar, pedindo para ser esburacada e penetrada.
Não, ele não tem namorada.
E eu adoro camisa branca!

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