domingo, junho 13, 2010

Filmes de Terror

Ontem era dia dos namorados. E eu não vou reclamar da solteirice porque seria muito bom reclamar disso apenas um dia por ano, mas farei algumas observações a respeito.
Ontem, a televisão transmitiu um excesso inacreditável de filmes conhecidos sob o gênero de comédias românticas (isso descontando que era dia de casamento na novela das oito e a noiva em questão, se não casasse com Marcelo Antony poderia se casar com Rodrigo Lombardi!). Basicamente os roteiros desses filmes trazem como protagonistas uma mulher na faixa dos 30 com traumas amorosos (pode ser tanto de namorar muitos "caras errados" como de nunca namorar ninguém) e um cara atrapalhado, tipo anti-galã ou então o próprio galã acostumado a namorar mulheres lindíssimas, mas vazias, e que, portanto, nunca conheceu "o verdadeiro amor". O casal se encontra em alguma situação inusitada, eles resistem, se magoam, passam por dificuldades, mas no fim, descobrem que foram feitos um pro outro e óbvio, ficam juntos.
Bom, tinha maratona Hugh Grant no Universal, Meg Ryan na Record e no SBT, Procura-se uma Noiva na Globo. Fui zapeando e assistindo um pouco de cada um e fiquei abismada. O clímax foi o final do filme que passava na Globo: um mar de noivas (sério! era um mar!) se aglomerava em frente a um palácio candidatando-se ao casamento com o príncipe encantado da vez. Gente! Eu sei que os meios de comunicação não gostam de solteiros porque não gastarão um tostão no dia dos namorados, mas será que os produtores não pensam que podem produzir mais suicídios nas solteiras que não encontram seu par ideal perfeito ou esquisito num encontro esquisito ou perfeito, do que potenciais consumidoras de lingerie sexy e perfumes masculinos no ano que vem?
Isso sem falar em todas as lojas, restaurantes e bares. Não, solteiras não querem sair no dia dos namorados porque nenhuma promoção foi feita pra elas, nem sequer querem fazer uma jantinha com as amigas porque nesse dia, esses encontros ficam com cheiro de consolo coletivo. Nem querem tomar aquela garrafa de vinho caríssima que fazemos questão de não dividir com ninguém, porque sabem que vão acabar chorando e ouvindo música de corno, de abandono, essas coisas... Fariam isso ouvindo Rolling Stones em qualquer outro dia do ano!
Enfim, esse dia fica parecendo um filme de terror: tenho medo de sonhar com um coraçãozinho saindo do pacote de presente que eu não comprei nem ganhei vindo na minha direção pra me sufocar, ou então que moro num planeta em que tudo tem formato de coração, ou com aquele mar de noivas me pisoteando porque resolvi não correr a São Silvestre de Santo Antônio com elas!!! Cruzes!
Ta bom, ta bom, eu sei que existem homens solteiros por aí também, mas acho que não preciso explicar porque não os incluí nesta crônica, afinal homens não se comovem com comédias românticas! Apenas costumam achar bunitinho que a gente goste...
É, acho que to muito a fim de um cara errado!
PS: só pra constar, eu assisti tudo isso aguardando o início de On The Road back to Menphis, Tenessee, documentário regado a blues, guitarras e muito Jack Daniels , sobre o mestre B. B. King. (Santa TV Cultura!)
Como diria o Jim Morrison:
"For the music is your special friend
Dance on fire as it intends
Music is your only friend
Until the end"

2 comentários:

Luciane Slomka disse...

Adorei o texto e concordo plenamente. Mas sabe, até para quem está de namorado existe um certo terror.

Parece que nesse fatídico dia o casal TEM que sair para jantar, TEM que se dar presente mesmo quando estão os dois meio mal de grana, TEM que transar, mesmo se já for uma relação mais estável e os dois estiverem cansados, TEM que se dizer "feliz dia dos namorados" mesmo achando toda a proposta meio ridícula, patética e comercial...

Enfim, eu acho um saco dia dos namorados, tendo ou não o meu!

Mas olha só: sim, o Jim tinha razão, mas existe a música e existem as amigas meio esquecidas tipo eu! :)

Saudades tuas, guria!
Beijao!!

Olhozinho disse...

Pois é, pois é... os coraçõezinhos assassinos não perdoam ninguém!!!
Hahaha!!!
Mas que fique claro: "consideramos justa toda forma de amor"!