quarta-feira, outubro 14, 2009

prole


há uma dor em mim: não sei se é daquilo que ainda está nascendo ou daquilo que se encaminha com dificuldade e resistência para a abolição. não importa. se ainda estiver nascendo está demorando demais: hei de parir o natimorto da vida, aquilo que de tanto esperar, quando nasce já não tem tempo de viver. cérebro de ampulheta. dor de parir a vida que não nasce. parideira de natimorto de novo. de novo. de novo... não sei se tento o feto vivo prometido ou me entrego à infertilidade como a inevitável fissura que se crava em minha carne. sim, toda vida é um processo de demolição e a fissura começa num tempo imperceptível. quando me apercebi do rombo, o canion já estava aberto, rasgado, sem aprendizagem passível de fazer a costura. ampulheta na cabeça: o rombo é maior que o tempo...

Um comentário:

Luciane Slomka disse...

Só tenho 3 palavras para ti: TU È FODA. Muito forte, muito intenso, muito bom! Beijo, e vê se começa a parir mais por aqui! Beijo!